Anticítera Schwarzbrunn
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A Ilha, baseada em fatos reais, foi a última obra deixada completa por Byron, sendo que, após a conclusão da presente narrativa em versos, o autor comporia apenas outros poucos Cantos de Don Juan, que deixaria incompleto com quase dezessete mil versos, e uns poemas esparsos, alguns dos quais se perderam.
Querendo, em seu íntimo, abandonar o tédio da vida donjuanesca que levava em Veneza, Byron pensou em comprar uma ilha exótica e remota, e viver ali até o final da vida. Com tais ideias em mente, foi composta essa narrativa pitoresca. Quem sabe suas ideias fossem cumpridas, caso não morresse no ano seguinte, na Grécia.
A Ilha simboliza o choque entre a cultura europeia e os costumes primitivos. O amor entre um jovem branco, fugitivo cúmplice de um motim, e uma indígena da polinésia, inocente, mas sagaz, é o enredo que se passa durante a fuga dos amotinados de uma das mais famosas histórias navais do século XVIII, sob o cenário de exotismo e a cor local de um paraíso tropical.
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Essa narrativa em versos conta o amor e as aventuras entre a índia Neuha e o branco Torquil. Com seus cenários exuberantes, e paisagens de tirar o fôlego, repletas da cor local de Tonga, a relação entre o par romântico serve de alegoria para a tese do bom selvagem , apresentando o encontro entre dois mundos, a natureza virgem, esplêndida e generosa, e a cultura tecnológica europeia, ardilosa e problemática. Após um motim em um navio inglês, e a expulsão do comandante, os amotinados fogem com a embarcação para aproveitar as delícias da Ilha, onde serão procurados e precisarão contar com a astúcia dos povos primitivos para, talvez, se livrarem de sua sina implacável em uma perseguição alucinante.
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Mas isso é enredo de obra de Byron ou de José de Alencar?
Caso essa pequena obra não tivesse tardado duzentos anos para ser traduzida pela primeira vez para a língua portuguesa, na presente edição, a distinção entre Indianismo e Byronismo talvez nunca tivesse existido na crítica literária brasileira. E essa pergunta não faria sentido.
Lucas Zaparolli de Agustini
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A Ilha, ou Christian e seus camaradas
Lord Byron
Tradução inédita de Lucas Zaparolli de Agustini, primeiro tradutor da obra Don Juan.
13X19 cm
84 páginas
ISBN 978-85-69199-22-9
13X19 cm