Anticítera Schwarzbrunn
Publicado em 1857 e assinado como J. de Souza-Andrade, Harpas Selvagens é a obra inaugural do poeta maranhense Sousândrade. Este livro passou por transformações na reedição de 1870 sob o título Harpas Eólias, refletindo a evolução do poeta e suas reflexões sobre a natureza de sua arte. Depois, numa edição de 1874 quando em Nova Iorque, parte de Obras Poéticas, resgata a primeira versão de Harpas Selvagens.
Esta edição se apoia nessa versão de 1857, seguindo a perspectiva dos críticos Augusto e Haroldo de Campos, que destacaram a importância de Sousândrade no panorama literário, realçando sua abordagem inovadora e precursora das técnicas poéticas que marcariam o modernismo e o concretismo. O poeta explorou a fragmentação textual, a polifonia e a experimentação linguística, antecipando tendências literárias que só seriam amplamente reconhecidas posteriormente.
Harpas Selvagens é mais que uma coletânea poética; é uma jornada visionária pela paisagem literária do Brasil do século XIX, antevendo temas sociais e políticos que ganhariam destaque nas correntes literárias futuras. A obra ressoa com críticas à injustiça social, ao colonialismo e às mazelas da escravidão, refletindo sobre a identidade nacional e as inquietações de uma sociedade em transformação.
Sousândrade, em sua escrita, não apenas captura as dinâmicas de sua época, mas também transita entre o sublime e o grotesco, entrelaçando o amor, a morte, a natureza e a transcendência. Seu estilo, que mescla o simbolismo com uma imagética vívida, propõe uma ruptura com as convenções poéticas românticas, abrindo caminho para uma expressão mais livre e experimental.
Harpas Selvagens é uma peça-chave na literatura brasileira, uma obra que transcende o tempo, continuando a inspirar e a desafiar. Sousândrade nos convida a uma viagem literária única, onde a poesia não só reflete a realidade, mas a transforma, desvelando novas perspectivas sobre a existência humana.
288 páginas
16X23 cm