Anticítera Schwarzbrunn
A fascinante jornada final de Lord Byron, culminando na criação de sua obra "Sardanápalo", revela um período agitado na vida do poeta. Byron, conhecido tanto por suas obras literárias quanto por sua vida repleta de aventuras e desventuras, encontrava-se em Missolonghi em fevereiro de 1824, imerso em uma crise de saúde que antecipava seu inevitável destino. Aos olhos do mundo, ele era um herói militar, mas os desafios que enfrentava iam além dos campos de batalha.
Ao chegar em Missolonghi, Byron foi recebido como um herói, embora a sombra da enfermidade já o perseguisse. A chuva torrencial de 1º de fevereiro marcou o início de um período febril, que Byron enfrentou sem a alegria do Carnaval veneziano, ao qual estava acostumado. Sua condição debilitante foi documentada em seu diário, que registrou um ataque convulsivo em 15 de fevereiro, um sinal ominoso de seu declínio físico. A medicina da época, com suas sangrias, mais prejudicava do que ajudava, levando Byron a um estado de fraqueza extrema.
"Sardanápalo", escrita antes deste período crítico, reflete as tumultuadas emoções e pensamentos de Byron. A peça, que narra os últimos dias do rei Assurbanípal da Assíria, é um retrato não apenas do personagem histórico, mas também do próprio Byron. A obra, destinada ao "teatro mental do leitor", mergulha nas complexidades do poder, da luxúria e da mortalidade, temas que Byron conhecia intimamente.
Byron se identificava com Sardanápalo, um rei culto e apreciador das artes, desafiando as convenções de seu tempo. A peça subverte os relatos históricos que pintam o rei como indulgente e efeminado, apresentando-o como um líder pacífico e dedicado às belezas da vida. Esta representação pode ser vista como um reflexo do próprio Byron, cuja vida foi marcada por contradições e desafios à moralidade de sua época.
O tema do amor desempenha um papel central em "Sardanápalo", com personagens femininas fortes que refletem as complexas relações amorosas de Byron. A peça encerra com um apelo à libertação da Grécia, ecoando os próprios anseios de Byron por liberdade e renovação.
A tradução de Francisco José Pinheiro Guimarães preserva a essência da obra byroniana, mantendo-se fiel ao tom e ao espírito do original. A peça, além de ser um testamento literário, reflete as lutas internas e as convicções políticas de Byron, oferecendo uma janela para os pensamentos e devaneios que o acompanharam até o fim de seus dias.
George Gordon Byron,1788-1824
tradução e notas de Pinheiro Guimarães
introdução e notas de Lucas Zaparolli de Agustini.
Curitiba: Editora Anticítera 2024.
16X23 cm
140 p.
ISBN 978-85-69199-27-4
16X23 cm